Cansaço excessivo, irritação, dores musculares e falta de disposição para ir trabalhar. Cuidado! Esses sintomas podem ser mais graves do que uma simples crise de estresse.
Conhecida como a síndrome do esgotamento profissional, a Síndrome de Burnout é caracterizada pelo desgaste físico e emocional do profissional e contribui para o surgimento de outros problemas de saúde. “O número de casos vem crescendo no país. Uma pesquisa realizada pela International Stress Management Association (ISMA Brasil) aponta que a síndrome atinge 30% dos profissionais brasileiros”, afirma o psiquiatra Fábio Oliveira Santos.
O distúrbio foi identificado pelo pesquisador Herbert J. Freunderberger em 1974, nos Estados Unidos, a partir da observação de variação no humor e na motivação de profissionais de saúde com os quais trabalhava.
O termo de origem inglesa ‘burnout’ é composto pelas palavras Burn, que quer dizer queimar, e Out, que significa fora. “A tradução do termo significa “queimar para fora”, o que caracteriza a doença como um estresse ocupacional que se manifesta em exaustão tanto na saúde física como mental”, diz o psiquiatra.
Segundo a psicóloga Maria de Oliveira, os sintomas da síndrome são parecidos com os de estresse e depressão. “O trabalhador pode apresentar tanto sinais de baixa auto-estima, agressividade, angústia e insônia quanto dores musculares e dores de cabeça”, afirma.
Para fazer a distinção entre as doenças é preciso ficar atento se os sinais aparecem apenas durante a realização do trabalho. “O distúrbio está ligado diretamente com o trabalho. Por isso, é preciso analisar se pessoa tem atitudes normais fora do ambiente corporativo”, diz a psicóloga.
De acordo com Maria de Oliveira é comum o diagnóstico se desenvolver em profissionais que encaram horas intensas da jornada de trabalho e que trabalham sob pressão e excesso de responsabilidade. “As pessoas que lidam com o público são as mais afetadas. É o caso de médicos, professores e policiais”, afirma.
Como o distúrbio pode comprometer o desempenho do profissional, é preciso buscar o mais breve possível a ajuda de especialistas. “Ao procurar um psicólogo ou psiquiatra, o paciente será submetido a questionários e levantamento de dados. Uma vez, diagnosticada a síndrome, o profissional irá passar pelo tratamento com sessões de psicoterapia. Nos casos mais graves também é prescrito o uso de medicamentos”, diz a psicóloga.
Trabalho na medida
Débora Nunes, 36 anos, administradora, teve a síndrome de Burnout e procurou ajuda de especialistas quando percebeu que estava com dificuldades para se relacionar com o chefe e os clientes da empresa. “Eu não suportava mais o ambiente de trabalho, mal chegava à empresa e já tinha vontade de ir embora. Quando chegava em casa eu chorava só de pensar que precisaria voltar para o trabalho no outro dia”, conta ela.
Segundo a administradora, o principal motivo que a levou a desenvolver o diagnóstico foi o seu perfeccionismo. “Eu gostava do que fazia e me dedicava, mesmo assim não estava gerando lucros para a empresa e acabei ficando frustrada com a situação”, diz.
Ao apresentar sinais de desânimo e irritabilidade, Débora recebeu o alerta de uma colega do trabalho que recomendou que ela buscasse ajuda. “Primeiro, consultei um psicólogo que fez o diagnóstico”, conta.
Débora passou por sessões de psicoterapia durante o tratamento, mas conta que a adaptação da rotina foi fundamental para conseguir se curar. . “Para realizar o tratamento, saí da empresa em que trabalhava quando estava com a síndrome. Ao retornar para o mercado de trabalho me senti uma profissional renovada”, conta ela.
Atualmente, ela exerce sua profissão normalmente sem pecar pelo excesso. “É preciso aceitar que não dá para se dedicar apenas à vida profissional para manter o equilíbrio físico e emocional”, diz.